Curso de Arrais Amador – Procedimento radiotelefônico

Curso de Arrais Amador - Procedimento radiotelefônico

Neste capítulo do Curso de Arrais Amador – Procedimento radiotelefônico, veremos os conceitos básicos que envolvem as comunicações náuticas, de acordo com o programa proposto na NORMAM-03/DPC para a prova de Arrais Amador.

Os seguintes assuntos serão abordados nesta seção:

– procedimentos radiotelefônico
– equipamentos de comunicações na navegação interior
– frequência de socorro
– chamada e trânsito

Curso de Arrais Amador
Procedimento radiotelefônico
Princípios básicos

O princípio básico das chamadas radiotelefônicas consiste em manter-se consciente a respeito da disciplina no tráfego das comunicações, o que significa dizer que não basta somente ouvir mais do que falar, mas, sobretudo, saber identificar os procedimentos, após receber uma chamada.

As comunicações  devem ser claras, formais e sucintas, ou seja, deve-se falar pausadamente, de forma concatenada, resumida, de fácil entendimento, sem emprego de gírias ou palavras impróprias.

Os sistemas na radiotelefonia são, normalmente, Simplex, o que significa que é necessário aguardar que o interlocutor termine a sua mensagem para que se possa, depois, responder.

As comunicações são essenciais para a segurança a bordo e devem ser monitoradas, registradas e disciplinadas. Para tanto, recomenda-se que se adote a bordo um livro de registro das comunicações (transmissão e recepção) e, principalmente, estabelecendo-se responsabilidade de utilização. Conheça algumas definições do Curso de Arrais Amador – Procedimento radiotelefônico:

As chamadas em radiotelefonia, quanto à prioridade, são divididas em quatro tipos:

  • chamada de Rotina;
  • chamada de Segurança;
  • chamada de Urgência;
  • chamada de Socorro.

A chamada de Rotina tem a menor prioridade e a chamada de Socorro a maior prioridade.

CHAMADA DE ROTINA

A chamada de rotina é a mais utilizada nas comunicações do dia-a-dia, para tratar de  assuntos que não envolvam Segurança, Urgência e Socorro. Devem ser iniciadas no canal de chamada, com uma denominação da estação a que se destina a mensagem, repetida no máximo três vezes, seguida da palavra “AQUI” e do indicativo da estação que vai transmitir a mensagem e, em seguida, diz-se “câmbio”, aguardando a resposta da estação chamada.

Repare que a palavra “CÂMBIO” indica o fim de uma chamada.

Exemplo de chamada em VHF (canal 16):

– Navio Amazonas, Navio Amazonas, Navio Amazonas… Aqui lancha Manaus, lancha Manaus, lancha Manaus, “CÂMBIO”.

A resposta dar-se-á da seguinte forma:

– Lancha Manaus, aqui navioAmazonas . . . vamos ao canal 6, “CÂMBIO“.

As duas estações mudam do canal 16 para o canal 6 e começam o diálogo. Após o término da comunicação, as duas estações retornam para o canal 16.

CHAMADA DE SEGURANÇA.

A chamada de Segurança indica que a estação vai transmitir uma mensagem relativa:
• à segurança da navegação; ou
• a um aviso meteorológico importante.

O sinal de segurança é SÉCURITÉ (pronuncia-se SECURITÊ) e deve ser repetido três vezes, antes da mensagem, e sua prioridade é 3, sendo suplantado pelos sinais de Socorro e de Urgência.

Exemplo:
SÉCURITÉ . . . SÉCURITÉ . . . SÉCURITÉ . . . Aqui navio Jabuti, navio Jabuti, navio Jabuti Posição ponta da Jurema 1 milha ao sul do farolete Oiapoque Farolete Oiapoque está apagado, Câmbio.

CHAMADA DE URGÊNCIA
Indica que a estação vai transmitir uma mensagem relativa:
• à segurança de uma embarcação; e
• à segurança de uma pessoa (auxílio médico).
A palavra-código que indica Urgência é PAN PAN (pronuncia-se PANE PANE) e deve ser repetido três vezes, antes da mensagem, e sua prioridade é 2, só sendo suplantado pelo sinal de Socorro.

Exemplo:
PAN PAN … PAN PAN .. PAN PAN . . . Aqui navio Jabuti, navio Jabuti, navio Jabuti . . . minha posição: rio amarelo, 3 milhas a montante de Cachoeiras . . . Perdi o leme, não posso manobrar. Necessito de Reboque, CÂMBIO.

CHAMADA DE SOCORRO

Indica que a embarcação está sob ameaça de grave perigo (risco à vida humana) e necessita de ajuda imediata. A chamada de Socorro é MAYDAY (pronuncia-se MEIDEI) e deve ser repetida três vezes, antes da mensagem, e sua prioridade é 1 (todas as outras mensagens devem dar a vez às mensagens de Socorro).

Toda estação que ouvir uma mensagem de Socorro deve parar, imediatamente, qualquer transmissão que possa perturbar a mensagem e ficar escutando no canal de Chamada e Socorro até ter certeza se poderá ajudar.

Exemplo:
MAYDAY . . . MAYDAY . . . MAYDAY . . . Aqui navio Jabuti, navio Jabuti, navio Jabuti . . .  minha posição: rio  Jari, 12 Km a jusante de cabrália . . . Estou afundando. Necessito de auxílio imediato, CÂMBIO.

Uma embarcação nas proximidades, que possa prestar socorro, deverá transmitir o “RECIBO” (significa que ouviu o pedido de Socorro e vai prestar socorro).

Exemplo:
navio Jabuti, navio Jabuti, navio Jabuti . . . Aqui Rebocador Netuno, Rebocador Netuno, Rebocador Netuno . . . MAYDAY recebido.
Após a transmissão do “RECIBO”, a Estação que irá prestar socorro  deve informar quando chegará ao local onde está embarcação que pediu socorro.

FREQUÊNCIAS DE “ESCUTA”, DE “CHAMADA” E DE “TRABALHO”

As freqüências nas quais se realizam respectivamente a escuta e a chamada de embarcações são determinadas pela UIT, por meio de Convenção Internacional. Em radiotelefonia, as freqüências 2.182 KHz, 4.125 KHz e o canal 16 do VHF são ao mesmo tempo freqüências de escuta e de chamada, além de serem freqüências de Socorro e Segurança.

As seguintes freqüências também têm escuta permanente por Estações da RENEC (Rede Nacional de Estações Costeiras): 6.215, 8.255, 12.290, 16.420 e 22.060 KHz.

DISCIPLINA NOS CIRCUITOS

Ouça o canal de comunicação por alguns segundos antes de usá-lo, para não interferir em uma comunicação em andamento. Fale pausadamente para que a outra Estação possa compreendê-lo. Seja profissional, pois as comunicações podem vir a salvar sua vida ou a vida de outra pessoa.

Equipamentos de comunicações

De acordo com a NORMAM-03/DP, os equipamentos de radio comunicações deverão possuir as características abaixo:
a) transceptor fixo HF – com potência suficiente para operar a uma distância de, pelo menos, 75 milhas da costa;

b) transceptor fixo VHF – com potência mínima de 25W, para operar no limite da navegação em mar aberto, tipo costeira, e na navegação interior;

c) transceptor portátil VHF – para uso em caso de abandono da embarcação ou falha de operação do equipamento orgânico. É recomendável que esse equipamento possua revestimento emborrachado, de modo a torná-lo à prova d’água. Deverá ser alimentado por uma bateria, com capacidade para operá-lo por no mínimo quatro (4) horas, com um coeficiente de utilização de 1:9, ou seja, 1 minuto de transmissão por 9 minutos de escuta. A bateria deverá ser mantida sempre a plena carga.

Os equipamentos de comunicações devem ser registrados no órgão federal competente e satisfazer as prescrições pertinentes do Regulamento de Radiocomunicações, aplicáveis ao serviço móvel marítimo.

Dotação de equipamentos de radiocomunicações

A dotação de equipamentos de rádio comunicação deverá ser a seguinte, de acordo com a NORMAM-03/DPC:
a) Embarcações de Grande Porte ou Iate:
1) Quando em navegação costeira ou oceânica:
I) equipamento transceptor em VHF;
II) equipamento transceptor em HF;
III) receptor – transmissor radar (transponder) operando na faixa de 9 GHz; e
IV) Rádio Baliza Indicadora de Posição em Emergência (EPIRB 406 MHz).

2) Quando em navegação interior:
I) equipamento transceptor em VHF.

b) Embarcações de Médio Porte:
1) Quando em navegação oceânica
I) equipamento transceptor em VHF ;
II) equipamento transceptor em HF; e
III) Rádio Baliza Indicadora de Posição em Emergência (EPIRB 406 MHz), exigível a partir de 01/07/2006.

2) Quando em navegação costeira:
I) equipamento transceptor em VHF.

3) Quando em navegação interior:
I) recomendado o equipamento transceptor em VHF fixo ou portátil.

As embarcações a vela que possuam antena de VHF no tope do mastro deverão possuir antena de emergência para uso em caso de quebra do mastro

Frequências obrigatórias

São obrigatórias as seguintes frequências, de acordo com a NORMAM-03/DPC
1) Transceptor de VHF
Frequência 156,8 MHz, canais 16, chamada e socorro, 68 e 69 respectivamente. Se o transceptor for do tipo DSC, a frequência poderá ser 156,525 MHz, canal 70, para a chamada seletiva digital (DSC) ao invés do canal 16.

Enquanto a embarcação estiver navegando, o equipamento VHF deverá estar ligado e em escuta permanente no canal 16 ou 70 no caso de equipamento DSC.

Curso de Arrais Amador - Procedimento radiotelefônico

Rádio DSC ICH VHF compacto com GPS embutido. Imagem ©: reprodução / Amazon

2) Transceptor HF
Frequência Internacional de Socorro ou 4.125 KHz, chamada e escuta no Atlântico Sul.

Em função das condições locais de propagação, o equipamento poderá operar, ainda, nas seguintes frequências: 6.215 KHz; 8.255 KHz; 12.290 KHz e 22.060 KHz., bem como utilizar-se das frequências 4.431,8 e 8.291,1, utilizadas pelas estações costeiras dos Iates Clubes e Marinas.

Conclusão

O Curso de Arrais Amador – Procedimento radiotelefônico não esgota todo o conteúdo deste assunto. É altamente recomendável a leitura da NORMAM-03/DPC e das fontes de pesquisa nela indicadas.

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Reginaldo Mauro Neves é fundador e administrador do Clube do Arrais. Mestre-Amador, Veterano da Marinha do Brasil | Ex-tripulante da Fragata "Liberal" (1991-1993) | Operador de Radar na Fragata "Independência" (1995-1997) | Controlador Aéreo Tático Classe "Alfa" na Fragata "Dodsworth" (2000 - 2003) | Controlador Aéreo Tático Classe "Alfa" na Fragata "Greenhalgh" (2003 - 2005) | Encarregado da Seção de Segurança do Tráfego Aquaviário na Agência Fluvial de Imperatriz-MA (2008 - 2011)

  1. Noemi Teixeira 05/07/2013 as 16:37

    Bom trabalho.

  2. Grato pela contribuicao.

  3. MANOEL ANGELO 27/11/2014 as 10:55

    BOM MATERIAL, SUGIRO COLOCAR RESTE SIMULADOS DO ASSUNTO, CÓDIGO INTERNACIONAL DE SINAIS -CIS.

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